terça-feira, 1 de setembro de 2009

Três inocentes são executados em Cidade Nova

Daniela Pereira

As marcas de balas nas paredes da Ladeira do Ipiranga, em Cidade Nova, as cápsulas jogadas pelo chão e as marcas de sangue no local evidenciam um crime, ocorrido por volta das 21h40 de quinta-feira, no qual três pessoas morreram e uma ficou ferida. Marcos Antônio de Santos Souza, 21 anos e Raílson Reis Souza Filho, 30 anos, morreram na hora. Arlisson Purificação Oliveira, 21 anos, e Leonardo Aguiar de Jesus, 18, primo de Raílson, foram socorridos por populares e levados para o Hospital Ernesto Simões, mas Arlisson não resistiu aos ferimentos e morreu durante a madrugada.
Os jovens foram assassinados, sem chance de defesa, por quatro homens encapuzados e fortemente armados, que chegaram a bordo de um Corsa prata sem placa de identificação. Segundo relatos de testemunhas, os atiradores dispararam seguidamente e ainda exibiram as armas, todas de grosso calibre. “Os rapazes estavam conversando sentados na escada quando eles vieram e mandou todo mundo ficar quieto. No primeiro disparo, que atingiu a cabeça de Raílson, Leonardo correu, mas foi atingindo nos dois braços e caiu. Mesmo depois de executar os três rapazes, os assassinos continuaram atirando. Quando terminava as munições, eles colocavam mais, depois levantaram a camisa e exibiram as outras armas que estavam na cintura”, relatou um morador, que preferiu não se identificar.
Ainda assustada, a vizinhança garantiu que os jovens eram inocentes. Leonardo, que permanece internado era mecânico e trabalhava ajudando o pai em uma oficina de automóveis. Arlisson e Raílson também eram trabalhadores, e exerciam respectivamente as funções de lavador de carro e barbeiro. ”Não sei porque mataram meu filho desse jeito. Ele chegou do trabalho, cortou o cabelo do vizinho, jantou e depois saiu com o primo de 15 anos dizendo que ia comprar um biscoito. Na volta, ele ficou sentado na escada conversando com os colegas. Eu só ouvi os disparos e meu neto desceu correndo pra avisar o que aconteceu”, relatou Maria José Conceição de Aguiar de 69 anos, avó de Raílson e Leonardo. O menor afirmou que antes da execução, as vítimas foram espancadas. “Eles bateram em meus primos, deram uma coronhada em minha cabeça e me mandaram correr Por pouco também não morri”, relembrou. Raílson era pugilista e como cabeleileiro, tinha uma clientela fixa e que envolvia vários artistas da cidade. Ele deixa quatro filhos menores de idade.
De acordo com Péricles Oliveira Santos, 47 anos, pai de Arlisson, o crime pode ser considerado como uma chacina de inocentes. “Meu filho tinha tomado um empréstimo e conseguiu montar um lava jato para trabalhar. Agora vem esses assassinos e cometem essa chacina sem motivo algum”, disparou o pedreiro, sob muito choro. Arlisson era estudante e estava tirando a habilitação
Segundo relatos, o triplo homicídio foi motivado por represálias dos traficantes do Pau Miúdo, já que, na semana passada, um traficante de Cidade Nova, conhecido como João Paulo, matou um integrante do tráfico de Pau Miúdo. Após esse episódio, a insegurança e violência tomaram conta do local.
”Desde que mataram esse homem em Pau Miúdo isso aqui virou um inferno. Ninguém tem mais sossego, não podemos mais chegar tarde em casa e nem deixar as crianças brincar nas ruas”, relatou a dona-de-casa, Arlete Silva Costa, 28 anos. “Na semana passada eu comentei que o bairro estava tão tranquilo e hoje aconteceu isso”, relatou uma irmã de Arlisson. De acordo com policiais do Serviço de Investigação (SI) da 2ª delegacia, as testemunhas do crime já foram ouvidas. “Nossa principal suspeita é disputa por pontos de vendas de drogas, mas ainda estavam investigando e não podemos divulgar maiores informações”, afirmou um agente da unidade policial.

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