domingo, 28 de junho de 2009

Elucidação do cemitério de veículos


Repórter: Daniela Pereira
Fotógrafo: Romildo de Jesus

Por volta das 11 horas de ontem, policias do Serviço de Investigação (SI) da Delegacia de Repreensão a Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), acompanhados pelos peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT), estiveram no cemitério de veículos para recolhimento e identificação das carcaças abandonadas. A solicitação da perícia foi feita pelo delegado plantonista, Nilson Borba. Em meio às peças, dois carros um da Ford e o outro da Fiat, foram identificados e os proprietários localizados pela polícia. O cemitério de carros está localizado no entorno da Lagoa do Parque Encantado, na região da Paralela.
De acordo com os agentes da DFRV, a medida inicial é retirar os carros do local para elucidação dos casos e finalizar a ocorrência registrada por Ivan Tanajura. O micro-empresário teve o veículo - um Passat prata, ano 98/99, placa JNU 1113 - tomado de assalto, no último dia 17, nas imediações do bairro de Pituaçu, por dois elementos armados. "O primeiro passo é oficializar, o caso do Passat e depois da perícia, localizar os proprietários dos outros veículos. Se o carro possuir seguro, entraremos em contato com a seguradora", explicou o policial. Outro agente arriscou a possibilidade dos carros terem sido desmanchados em oficinas especializadas localizadas no interior do Estado. "Devido aos cortes feitos de forma linear, à base de maçarico, é possível que os bandidos tenham trazido essas carcaças e jogado aqui. Não temos conhecimentos de oficinas de desmanche em Salvador", afirmou.
Segundo informações do DPT, a aparência degradada dos destroços abandonados motivado pela exposição às ações dos ventos e das chuvas, dificultará o trabalho de identificação.
A pastora de uma igreja evangélica, Maria Aparecida de Oliveira, 43 anos, compareceu pela terceira vez à DFRV com a esperança de obter alguma novidade sobre o carro que foi levado de assalto, no último dia 23, em Simões Filho, por quatro elementos fortemente armados. "Eu estava com meu marido e minha filha de 6 anos, quando eles me cercaram a bordo de um Estrada de cor vermelha e com armamento pesado, levaram nosso carro e nos obrigaram a correr", relatou. Maria ainda aponta desinteresse da polícia em esclarecer esses casos. "Por conta própria eu estou percorrendo várias delegacias e lugares desertos em busca do meu carro. Já encontrei vários veículos roubados em Simões Filho e na Estrada do Cia, informei aos policiais e até agora, eles não fizeram nada", lamentou. De acordo com Ivana Costa de Souza, 43 anos, existem casos em que a corrupção e golpes de seguradoras, impedem a resolução dos casos.
"No último dia 19, fui cercada por assaltantes. Antes de levar o carro, eles perguntaram pra gente se o veículo tinha seguro, respondemos que não e eles nos disseram para não registrar queixa, senão queimariam o carro", relatou a vítima.

sábado, 27 de junho de 2009

Investigação constata destino de carros roubados


Daniela Pereira

Denúncias feitas no início da semana sobre a existência de um cemitério de veículos em região entre a Avenida Paralela e Piatã, não estimularam a Polícia a fazer o levantamento do local. No retorno a área, ontem pela manhã, foi localizado um saco plástico parcialmente destruído, molhado com combustível, que continha documentos que identificam veículo e proprietário. A partir de hoje, todo material apanhado será entregue na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos, onde foi registrada, inclusive, a ocorrência de um dos donos dos documentos encontrados.
A área está tomada pelos veículos, as ações do vento e de animais, além da presença de pessoas que recolhem diariamente peças abandonadas, desfiguram o local de crime a cada dia. Não há qualquer demarcação indicando que há preservação para a perícia, e, sequer, policiais estão por perto. O "cemitério" fica no entorno da Lagoa do Parque Encantado, área nos fundos do Shopping Paralela. Durante a observação feita na área, foram encontradas declarações de imposto de renda e vários recibos de pagamentos, além de um carnê de prestação de carro, com endereços e identificação dos proprietários estavam no local misturados à lama deixada pela chuva, ou perdidos nas latarias. Os documentos achados pela equipe viabilizariam a polícia acelerar a investigação de muitas ocorrências registradas e, possivelmente, golpes de proprietários nas seguradoras de veículos. Atualmente, em média, 10 carros são tomados de assalto por dia em Salvador.
Os documentos do micro-empresário Ivan Tanajura, dono de uma panificadora, estão no meio do "achado". Ele foi localizado pela equipe de reportagem na tarde de ontem e explicou que ao se dirigir ao trabalho, teve o veículo, um Passat prata, ano 98/99, placa JNU-1113, tomado de assalto nas imediações do bairro de Pituaçu, por dois elementos armados. "Prestei queixa na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, mas até o contato de vocês não tive qualquer informação", adiantou. O assalto ocorreu no último dia 17 e o empresário assegura que estava sem seguro do veículo.
Várias tentativas foram feitas para maiores informações com a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos. O cenário na Paralela continua o mesmo. Carcaças e mais carcaças, peças e mais peças espalhadas pelo chão de barro. Sem contar com outros documentos que assim como os proprietários, "esperam" que algum curioso os encontre e impeça, todavia, a celeridade nas investigações. Segundo relatos de trabalhadores de obra realizada na região da Lagoa do Parque Encantado, o movimento de abandono de peças e estruturas de automóveis no local é diário e visível há pelo menos três meses. As testemunhas ainda informam que além de carros roubados, os próprios donos usariam o local para descarte dos automóveis, como forma de simular roubo e conseguir retorno da seguradora.

Familiares revoltados após assassinato de irmãos no Lobato

Daniela Pereira

Um duplo homicídio chocou os moradores da Rua Marcelino Palmeiras, no bairro da Prainha do Lobato e deixou em estado de choque os familiares dos irmãos Edson Ramos de Oliveira de 31 anos, e Eliosmar Nunes de Oliveira de 27. Ambas as vítimas estavam sentadas na porta de casa, quando três elementos desconhecidos dispararam contra Eliosmar, ao tentar defender o irmão, Edson acabou sendo alvejado. Os dois foram socorridos ao Hospital João Batista Caribé, mas não resistiram aos ferimentos.
Morador da Mata Escura, Eliosmar aproveitou os festejos juninos para visitar a família, os amigos e almoçar na casa da sogra. "Quando ele saiu do trabalho veio direto para minha casa, minha filha já estava aqui esperando por ele. Meu genro almoçou e brincou com todos da família antes de acontecer essa tragédia", relatou sob muito choro, Ruth da Silva de 49 anos, sogra da vítima.
De acordo com uma testemunha e cunhado da vítima, três homens armados dispararam contra as vítimas sem motivação. "Depois do almoço, nós sentamos no passeio de casa e ficamos conversando e olhando a movimentação da rua. De repente chegou três homens e sem falar nada atiraram no Eliosmar", contou o garoto. A testemunha ainda conta como o outro foi atingido e ressalta que por pouco também não morreu com os disparos.

Esposa implora para que homem não seja morto na frente do filho

Daniela Pereira

Joanderson Santos de Jesus foi morto com diversos tiros, por volta das 7h da manhã de ontem, próximo a porta da casa onde morava com a esposa e o filho de 1 ano. A vítima foi encontrada, trajando camisa vermelha e calça jeans, na 2ª Travessa Mamed, bairro de Alto da Teresinha. Joanderson foi executado por dois homens armados, ainda não identificados, que o surpreenderam em casa.
Segundo relatos dos moradores, Joanderson era um ex-presidiário e fazia pouco tempo que tinha deixado o presídio. "Não tem nem um mês que saiu da prisão e mataram ele. Os vizinhos comentam que ele devia por aqui", relatou um orador, que temendo a violência do local preferiu não se identificar. Segundo ele, Joanderson foi executado fora de casa a pedido da esposa. "A esposa pediu para os assassinos que não atirassem no marido na frente do filho", afirmou.
De acordo com Maria da Cruz Ribeiro de 29 anos, devido à movimentação dos fogos juninos, ninguém percebeu os tiros. "Nessa época as crianças soltam muitas bombas, fica difícil da gente perceber quando é um tiro", afirmou. Maria ainda completa dizendo que a violência no Alto da Teresinha está incontrolável. "Aqui está demais, os bandidos estão governando tudo, se a gente falar demais, morre", protestou.
O pai da vítima, em aparente estado de embriaguez, protestou sob gritos, contra o assassinato do filho e ameaçou agressivamente a equipe de reportagem, caso o corpo do filho fosse fotografado. Os policiais da 5ª delegacia, em Periperi, investigam a motivação e autoria do crime, mas trabalham com suspeita de cobranças de dívidas de drogas.
Ainda na área da 5ª delegacia, na Travessa Melissa em Coutos, o corpo de Aleison Neiva Ribeiro de 39 anos foi encontrado com sinais de apedrejamento e perfurações de facas. Ambos os corpos foram removidos ao Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR)

Cemitério de veículos continua sem atenção policial

Daniela Pereira

Desta vez, ao invés de ossadas humanas, o cenário no entorno da Lagoa do Parque Encantado, nos fundos do Shopping Paralela, é formado por carcaças de automóveis, chassis, para-choques e chaparias incendiadas. Um crime a céu aberto para ser investigado e finalizado pelas autoridades.
O local é de difícil acesso, rodeado por um matagal, sem movimentação e ronda policial, e propício para qualquer natureza de crime. Basta uma rápida circulação pela área e o que se encontra são carcaças e mais carcaças de veículos. Alguns carros ainda podem ter a marca e a numeração identificada pela polícia, outros estão enferrujados ou incendiados não possibilitando sequer a identificação da cor.
Segundo informações dos trabalhadores do local, o aparecimento das carcaças é recente, mas já está virando rotina da região. "Eu trabalho por aqui há dois anos, mas faz três ou quatro meses que esses carros estão aparecendo por aqui. Além disso, assassinatos já é coisa constante. A polícia passa fazendo ronda, mas acho que nem percebe, ou não quer ver a quantidade de peças de carros jogadas pelo chão", afirmou um operário da Construtora Realeza.
Já um morador das redondezas, afirmou que muitas vezes são os proprietários que abandonam os próprios veículos. "Isso acontece há muito tempo. Já presenciei muitos donos abandonarem os próprios carros em busca de receber um novo do seguro, outras vezes são ladrões que roubam e tiram as peças e abandonam a carcaça", relatou o servente, Valmir Neves da Silva, 42 anos. Valmir ainda afirma que o aparecimento das carcaças e constante. "Aqui só não está pior porque os catadores de ferro velhos recolhem todas as peças, mas quando tira uma hoje amanhã tem outra no lugar", relatou.
De acordo com uma seguradora de veículos, em muitos casos há envolvimento do dono em uma simulação de assalto ou roubo do veículo com o objetivo de conseguir um novo. Para coibir esse tipo de prática, antes do pagamento, existe uma perícia para identificar o que realmente ocorreu com o carro e se o proprietário do veículo está envolvido ilicitamente no sumiço do carro.

Violência e prostituição na Orla de Salvador


Daniela Pereira

A partir do final da tarde, a Orla de Salvador se transforma. Na calçada, mulheres desfilam e como se fossem estrelas de um grande espetáculo. Assim se pode montar o palco da madrugada na Pituba, Amaralina e Barra, por exemplo. Frequentada por clientes de todos os tipos, que buscam sexo, rápido, fácil e descomprometido, as boates e as calçadas contam com a serventia de “garotas” (sejam mulheres ou transexuais) bonitas e provocantes. Seus serviços, que consistem conceitualmente no “comércio sexual com retribuição monetária e indiferença pessoal”, são solicitados na maioria das vezes por jovens e homens entre 25 e 50 anos. Além de conviverem com o desprezo e discriminação da sociedade, as prostitutas são mulheres sujeitas a agressões de todo tipo. De acordo com a Rede Brasileira de Prostituição (RBP), associação que representa profissionais do sexo, as garotas que trabalham nas ruas sofrem violências, na maioria das vezes, de clientes jovens da classe média. Recusa por parte dos clientes ao uso do preservativo, o consumo de álcool e drogas são os fatores mais comuns para ocorrência de agressões, sejam físicas ou verbais. Em boates, os seguranças parecem estar atentos a tudo o que se passa dentro da “casa” durante o show. De acordo com o ex-segurança de uma boate, Luiz Cabral Borges, 30 anos, os guarda-costas são pagos para preservar o local e a integralidade física dos clientes e das garotas. “Se elas resolverem sair com os clientes, a casa não se responsabiliza em nada”, afirma.

Vida noturna invade bairros nobres

A prostituição está distribuída e evidenciada em pontos da cidade, como Barroquinha, Pelourinho, Carlos Gomes, Barra, Amaralina, Pituba, entre outros. Os locais servem de cenário para sexo, bebida e violência. Muda o ambiente, mas não a realidade. Um soldado da 11ª Companhia da Polícia Militar da Bahia afirma que a polícia é paga para proteger os cidadãos. “O que acontecer aqui na Barra, elas sabem que podem contar conosco, é nossa obrigação, não importa se é branco ou preto, prostituta ou não”, garante. Essa afirmação contradiz as estatísticas, ainda não oficializadas, de violência voltada às mulheres prostituídas e histórias contadas pelas vítimas. Uma delas é Jane (nome fantasia), uma morena de baixa estatura, conhecida como “Baixinha”. Ela conta que, por diversas vezes, teve seu dinheiro tomado pelos próprios policiais. “Se a gente não der, eles xingam e querem até bater em nós”, disse. Jane guarda no corpo as marcas da agressão que sofreu de um turista argentino. Embriagado o visitante se negou a pagar o programa e, após trocas de ofensas, deu-lhe um soco no olho esquerdo, deixando como “pagamento” uma cicatriz no supercílio. Segundo especialistas, o passaporte para o círculo da prostituição acontece devido a fatores psicológicos e sociais. Algum trauma de infância, mais precisamente violência doméstica, a família desestruturada, a esperança de uma vida melhor e mais fácil, precipitações pessoais e outros elementos. Jane tem 22 anos e está na prostituição desde os 17 anos. Aos 15 anos resolveu sair de casa e “fugir” com o namorado, já que sua mãe não aceitava sua gravidez precoce. “Ela me enchia, gostava de falar de tudo. Aí eu explodia e era só briga mesmo”, completa.Prostitutas ocupam lugares desertos e de pouca iluminação, propícios a ocorrer atos violentos sem testemunhas. Elas estão em grupos para o caso de uma eventualidade.

Problemas familiares levam às ruas

Baixinha pertence ao grupo que entrou no ramo da prostituição por rebeldia. O relacionamento com o namorado durou cerca de dois meses após sua saída de casa. A criança nasceu e hoje se encontra aos cuidados da avó materna. Como não queria voltar para a mãe, fez do Porto da Barra seu “ponto” de prostituição. “Se eu voltar pra casa agora como eu sou, (refere-se ao fato de ser prostituta) aí é que ela vai me esculachar mesmo”, afirma a garota.M.F., 34 anos, é mãe de três filhos menores de idade. Durante cinco anos desempregada, trabalhou alguns meses em uma Lan House faturando R$ 200,00 por mês. Como o dinheiro não dava para as despesas, voltou ao local do seu primeiro emprego, só que, dessa vez, como prostituta. Há nove anos na Orla de Salvador, M.F. conta que já viu de tudo e já passou por três vezes por traumáticas experiências de violência. “Cheguei uma vez em casa com o rosto inchado de um tapa que levei de um ‘playboizinho’ com idade de ser meu filho e tive que dizer pra minha filha mais velha que escorreguei lavando o chão de casa”, conta. M.F. diz que desrespeito e situações de risco estão presentes no dia-a-dia das prostitutas. “Eu acho que eles pensam que só porque estão pagando podem fazer o que quiserem com a gente, mas não é assim não”, protesta.De acordo com a socióloga Mônica Coutinho, o preconceito contribui para a exclusão social. “A forma como a sociedade, de modo geral, estereotipa essas mulheres é algo completamente relacionado ao campo da moral. O que tem a ver também com a questão da religião, no nosso caso a católica, que abomina totalmente a questão da prostituição, ou seja, reforçando a exclusão”, afirma a socióloga. A especialista ainda completa que como a maioria dos homens é machista, na nossa sociedade, se sentem no direito de agredi-las.
Porém, Borges conta que quando as garotas iam sair da boate com algum cliente, muitas vezes, pagavam um táxi para ele as seguir e proteger, como uma espécie de segurança particular. “Teve um dia que tive que ‘bafar o cara’ pela camisa, ou então não tinha dinheiro, nem pra mim e nem pra ela”, conta o ex-segurança, referindo-se a um cliente que não queria pagar o programa e ao dinheiro que recebera pelo serviço particular, cerca de R$ 30,00 e um lanche para esperá-la.

Histórias repletas de mistérios

Sempre de calça jeans, sapato de salto alto, sombra azul ou verde, de volume um tanto quanto exagerado, lápis de olho preto e uma bolsa grande de couro. É assim que *Aline, uma bela jovem de 28 anos, sai para trabalhar sempre às 8 horas da manhã, arrancando suspiro dos marmanjos e também o desdém de mulheres. Mais conhecida no ambiente de trabalho como Tati, *Aline batalha para tirar seu sustento e do filho de 5 anos, um garoto agitado que cobiça tudo que vê na televisão. Numa tentativa de melhorar de vida, perambula em carros de homens estranhos e motéis em diferentes rotas de Salvador, mas na maioria das vezes permanece nos quartos da “casa” onde trabalha localizada no centro da cidade, mas precisamente num bairro movimentado pelo comércio, a Barroquinha. Visando apenas o dinheiro pago após sua hora de serviço, que custa R$ 30,00 dependendo da negociação, não se arrisca a trabalhar nas ruas, prefere uma casa, onde segundo ela, “está para o que der e vier sem medo de ser feliz”. Ao lembrar da sua infância e adolescência ela conta que sonhava em ser professora e teve essa meta interrompida aos 16 anos, quando engravidou e pela primeira vez provocou uma morte através de remédios abortivos comprado pelo pai da criança, um homem casado de 32 anos. A família nunca soube desse episódio, que a jovem revela não se arrepender “nem um pingo”. Temendo a rejeição dos conhecidos, o pai mandou-a de mala e cuia para morar com a madrinha em Salvador, uma experiência que mudou completamente sua vida, pois o marido da madrinha passou a relacionar-se com ela nas horas em que a esposa não estava. Demorou quase três anos para que a madrinha descobrisse e os colocassem para fora de casa. Segundo ela, foi uma fase muito difícil, pois não tinha para onde ir. Em seguida, arranjou um emprego numa famosa e extinta Casa de Massagem. *Aline trabalhou no local durante três anos e fez sucesso com os clientes e com *Alex, filho do dono da casa, um garoto de 19 anos. Juntos, viveram como um casal de namorados, tudo ia bem a não ser por um pequeno detalhe: pela primeira vez Aline* misturou trabalho com sentimentos. "Se ele não fosse tão infantil estaríamos juntos até hoje e se ele quisesse até arrumaria um emprego melhor”, lamenta a moça cheia de saudades no olhar e na voz. Depois de quatro meses de namoro veio a gravidez. Dessa vez preferiu que a criança viesse ao mundo, até pensou em ter uma família. Aos poucos a realidade foi tomando espaço na vida da garota. O sogro cansou de ajudar no sustento do neto iniciou uma verdadeira guerra com a jovem. *Aline teve que abandonar a Casa de Massagem e separar-se de *Alex. Meses depois conheceu um homem tímido e tranqüilo, que se tornou marido. Começou a trabalhar no atual emprego, um bordel que funciona em cima de uma loja de roupas na Barroquinha, lugar que segundo ela é ótimo, “não poderia ter arrumado um lugar melhor, tem muita organização, em primeiro lugar somos nós depois os clientes”, afirma orgulhosa. Casada há 3 anos, hoje ela vive à sua maneira. Mora em uma casa com quarto, sala, cozinha e banheiro, com aluguel no valor de R$190. O dinheiro que recebe do trabalho, juntamente com o do marido, paga as despesas, o colégio do filho que custa R$70. Como mulher vaidosa que é, adora comprar roupas, peças íntimas e maquiagens. Assim é *Aline uma mulher simpática que ama sua família, é apaixonada pelo marido e pelo filho. E seus segredos são algo que todos temos.

Grávida rouba para se alimentar


Daniela Pereira

Vanuza Ferreira dos Santos, 37 anos, foi presa, por volta das 16 horas de ontem, por policiais da 6ª delegacia acusada de furtar uma lata de leite de uma loja de conveniência do Posto de Gasolina Esso, localizado na Avenida Mário Leal Ferreira, Bonocô. Grávida de oito meses, Vanuza foi surpreendida pelo supervisor do estabelecimento, quando colocava o alimento na sacola. Após prestar depoimento, a desempregada foi liberada devido à insignificância do crime.
Moradora da Saúde, Vanuza ocupa há um ano e meio um barraco no quintal de uma senhora, que ela não quis revelar o nome. Desempregada, ela afirma não ter condições de criar a filha de quatro anos e o filho que está esperando. "Tem dias que a senhora que me ajuda dá comida para minha filha e eu, mas tem dias que a gente não come nada porque as condições dela também não são boas", afirma sob muito choro e nervosismo.
Abandonada pelo marido há cerca de três anos, Vanuza parou de trabalhar como faxineira desde que engravidou. Segundo ela, tudo foi motivado devido a um momento de desespero e fraqueza. "Eu estava com fome, queria comer e levar alguma coisa para minha filha", justifica. A acusada ainda afirma temer que a dona do barraco, local onde ela mora, pare de ajudá-la se descobrir sobre o delito. "Se ela souber que estou aqui (na delegacia) não vai mais cuidar da minha filha", afirma.
De acordo com Sérgio Schlang Júnior, delegado plantonista da 6ª delegacia, Vanuza tem entrada em delegacia devido a um furto de bacalhau em um supermercado na Barra. No dia anterior à prisão, ela teria sido vista roubando um pacote de biscoitos na mesma loja de conveniência. "Os funcionários já estavam observando ela. Quando ela entrou, eles assistiram toda a movimentação", afirma o delegado. Sérgio ainda completa que Vanuza deve recorrer à serviços sociais. "Ela errou em tentar roubar o alimento, mas está evidente que precisa de assistencialismo", finaliza o delegado.

Bairros cercados pelo tráfico de drogas

Por Daniela Pereira

As drogas proporcionam aumento relativo em outros tipos de crimes, como assaltos, arrombamentos e prostituição. Na maioria dos casos de homicídios, a autoria é um mistério e a polícia aponta o tráfico como possível causa. Em Salvador, muitas mortes estão relacionadas às drogas, que vêm destruindo famílias e tirando o sossego de muitos, principalmente de moradores de bairros, como Nordeste de Amaralina, Cosme de Farias, São Caetano e Engenho Velho da Federação, onde o ciclo vicioso é mais intenso. Retrato do cenário de violência, tráfico e insegurança, o Engenho Velho da Federação, reconhecido como comunidade de resistência negra, cuja população chega a 65 mil habitantes, tenta resistir à violência. A população é quem mais sofre com balas perdidas e ameaças dos traficantes que disputam os pontos de drogas. O Engenho Velho da Federação possui nos seus arredores comunidades, como Baixa da Égua, Forno, Lajinha e Vale da Muriçoca, que vivem em uma verdadeira guerra civil não declarada. De acordo com o investigador Paulo Portela, chefe do Serviço de Investigação (SI) da 7ª Delegacia do Rio Vermelho, essa "onda" de drogas que a cidade presencia começou após a desarticulação da quadrilha do maior traficante do Estado, Raimundo Alves de Souza, conhecido como Ravengar. "Depois de Ravengar a droga se espalhou e se dividiu criando dois "partidos", o do traficante Perna e o de Piti", afirma Portela. Para o investigador, o usuário começa a se tornar um viciado quase sempre pela maconha. Depois de certo tempo, quando a dependência fica sem controle, ele passa para a cocaína até chegar ao crack, considerada uma das drogas mais avassaladoras. Na região do Vale da Muriçoca, onde o tráfico é comandado por um jovem de prenome Dejavan, mais conhecido como "Kiko", a pedra de crack pode ser adquirida por cerca de R$ 5,00. Segundo dados fornecidos pelo Centro de Documentação e Estatística Policial (Cedep), o bairro da Federação apresentou de janeiro a dezembro de 2008 e nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, um avanço de 3% nos homicídios relacionados com as drogas. Uma dona de casa de 36 anos, moradora da região que liga o Engenho Velho ao Vale da Muriçoca, teve sua casa invadida por um fugitivo da polícia após uma troca de tiros no Vale da Muriçoca. "Minha primeira reação foi entrar no quarto e pular a janela com minhas filhas", afirmou. O ajudante de produção de 37 anos, morador do Nordeste de Amaralina, expressa com revolta a indignação pelas drogas. "Estamos vivendo uma situação de desespero, aqui não podemos mais sentar na porta de casa para tomar uma fresca nem deixar nossos filhos brincar e andar de bicicleta, pois nunca sabemos o que pode acontecer?", indaga o morador. O drama maior do trabalhador não está só no fato da constante violência do local e sim, dentro de casa, pois ele está sentindo "perder" o caçula de 17 anos para as drogas. "De alguns meses para cá já sumiu dinheiro e até um celular aqui em casa, pra mim é difícil acreditar que tenha sido ele", afirma. É notório que o tráfico de drogas, declaradamente ilegal, cresceu de maneira rápida e desgovernada a partir dos anos 80, tornando o narcotráfico superado apenas pelo tráfico de armamentos. Organizada como uma empresa, o tráfico chama a atenção devido aos lucros financeiros e rigorosidade.

Presa quadrilha que falsificava documentos na capital e interior

Daniela Pereira

Uma ação realizada pela Delegacia de Repressão a Estelionato e Outras Fraudes (DREOF), às 16h25 desta segunda-feira (2), resultou na prisão em flagrante de Arnaldo Bispo Saletti, 25 anos, por falsificação de documentos públicos, no bairro de Mussurunga. A ação foi efetuada em uma residência no momento em que o acusado falsificava carteiras de habilitação e de identidade. De acordo com agentes da Dreof, Saletti integrava uma quadrilha que distribuía o material para a capital e interior do Estado e era o responsável pela confecção dos documentos falsos.
No local, a polícia apreendeu uma impressora, uma CPU, uma máquina copiadora, 50 reais em espécie, além de diversas carteiras de habilitação falsas. Através do acusado a polícia chegou até o último integrante da quadrilha que se encontrava foragido. Carlos Alberto Almeida Santos, o "Carlinhos", 52 anos, foi detido às 8h desta terça-feira (3), na Rua Thomaz Gonzaga, no bairro de Pernambués.
Segundo informações dos agentes da Dreof, a quadrilha estava sendo investigada há mais de um ano devido à atuação em diversos municípios baianos. No início de fevereiro outros três integrantes foram detidos, Ademir Batista dos Santos, 51 anos, Manoel Gomes de Aragão, 42 anos, e André Luis Santos, 30 anos. A polícia informou ainda que os documentos produzidos por Saletti eram vendidos por Carlinhos e Ademir, com valor médio entre 700 e 800 reais. Já André Luis e Manoel encabeçavam a busca por possíveis compradores.
De acordo com agentes da delegacia, Ademir e Carlinhos já tinham passagem pela polícia por estelionato, enquanto André Luis por porte ilegal de arma. Todos os acusados permanecem à disposição da justiça na Dreof, na Baixa do Fiscal.
A polícia prendeu um homem, na tarde desta segunda-feira (2), também acusado de falsificar documentos para a liberação de carros junto ao Detran. O servidor da Justiça, Luiz Carlos de Souza Magalhães foi detido no momento em que trabalhava no 1º Cartório de Tabelionato de Notas no Fórum Filinto Bastos, em Feira de Santana. O caso estava sendo investigado há dois meses pela polícia.

Grupo é preso por roubar combustíveis em Camaçari

Daniela Pereira

Cinco homens foram presos pela equipe do Serviço de Investigação (SI), da 18ª Delegacia de Polícia Civil em Camaçari, na noite da última quinta-feira, acusados de roubar combustíveis do Pólo Petroquímico.
Eles desviaram 35 mil litros de gasolina pura da Braskem do Pólo, que deveria ser entregue na refinaria Landulfo Alves, no município de Madre de Deus. A gasolina foi levada para uma empresa de Camaçari chamada Adriana Transportes, localizada no loteamento Ouro Negro, em Candeias.
De acordo com o delegado Clayton Leão, titular da 18ª CP, uma equipe de agentes seguiu uma carreta, de placa JLY 9799, conduzida por Jeferson de Souza Santos de 26. Além dele, a polícia prendeu também Geovane Santana Cunha de 36 anos, lavador de carros; André Santana Cunha de 35, proprietário da garagem onde foi encontrada a carreta com a gasolina; Antonio Santa Rita Souza de 27, motorista; e Evaldo Santos da Silva de 42 anos, dono do Posto de lavagem de carros Ouro Preto. Os envolvidos responderão por furto e formação de quadrilha podendo pegar cada um, de dois a oito anos de detenção.

Filho de militar é baleado no Engenho Velho

Por: Daniela Pereira

Dor, revolta e indignação são os sentimentos que predominam nos familiares de Willian Gabriel Ferreira Jesus, 19 anos, e da cunhada Lídia Nascimento da Silva de 20 anos. Os dois foram atingidos com tiros na noite da última quarta-feira na Rua Xisto Bahia, local onde residem, bairro do Engenho Velho da Federação. Willian conversava com Lídia, a 100 metros da porta de casa, por volta das 21 horas, quando dois elementos, a bordo de uma moto não identificada, dispararam seis tiros na direção do casal. Ambos deram entrada no Hospital Geral do Estado (HGE), onde estão internados. O rapaz que foi atingido no ombro, braço esquerdo e na barriga, permanecem em estado grave. Lídia foi atingida com dois tiros nas nádegas e não corre risco de morte. Os moradores do local não querem comentar sobre o assunto com medo de represálias. De acordo com o policial militar João Oliveira de Jesus de 47 anos, pai de Willian, a tentativa de homicídio não tem nada a ver com o fato dele ser policial. “Não acredito que eles queriam fazer algo comigo, moro e trabalho há muitos anos no bairro, se fosse comigo eles sabiam onde me encontrar”, desabafou o pai do garoto, inconformado com a insegurança do local. João de Jesus disse que seu filho não tem inimigos. De acordo com a polícia, Wilian não tem envolvimento com drogas e nem passagem em delegacias. A motivação e autoria da tentativa de homicídio estão sendo investigadas pela 7ª Delegacia, Rio Vermelho.

População de Monte Gordo pede reforço na segurança

Daniela Pereira

Instalada em um prédio da Rua Direta, a (33ª) Delegacia de polícia de Monte Gordo comemorou um ano de aniversário sem motivos para alegria. No dia da inauguração, 23 de janeiro de 2008, foi prometido que a unidade contaria com 4 viaturas e 30 profissionais, entre delegados, agentes, escrivães e outros servidores. Um ano se passou e a história está bem diferente, o presente prometido ainda não chegou e a população sofre com a falta de segurança.De acordo com o delegado titular Sérgio Sotero, a delegacia não tem nada a ver com policiamento do local. “A nossa parte é apurar os crimes do local, policiamento é com a 59ª de Arembepe”, afirma o delegado. Em relação a atual situação da delegacia, Sotero afirmou que não tinha nada a declarar sobre o assunto. A população reclama da ineficiência da polícia e afirma ser atendida com apenas duas viaturas. Homicídios, prostituição e tráfico de drogas tem sido frequentes na região, tornando a situação mais crítica no bairro de Itaipu, onde segundo os moradores, é perigoso transitar sozinho.
“A situação aqui em Monte Gordo está vergonhosa, é triste ver como estamos largados. Aqui ninguém se sente seguro, os bandidos estão tomando conta de tudo”, afirma o comerciante que não quis se identificar com medo de represálias. Há 17 anos no local, o comerciante afirma que é muito raro ver uma viatura ou um policial nas ruas. “Eles só aparecem quando o prefeito vem aqui ou quando tem alguma festa na região. Os policiais aqui não trabalham para a cidade e sim para alguns comerciantes que pagam segurança particular”, denuncia.Outro morador dono de sítio no local afirma que raramente vê um policial nas ruas e desde que mora no local, cerca de 8 anos, só identificou duas viaturas fazendo ronda nas ruas. O residente afirma que, não se sente seguro com a moradia e torce para que ocorra melhoras para a cidade.“Precisamos de um policiamento mais ostensivo, principalmente nos fins de semana”, protesta o rapaz afirmando que até os visitantes sofrem com a falta de segurança. O roubo de galinhas e frutas dos proprietários de chácara também são constantes.“Já roubaram de meu sítio 22 galinhas e a polícia não faz nada”, protesta. Moradores de Monte Gordo e região litorânea esperam mudanças favoráveis, se possível, antes do próximo aniversário da delegacia.

Homem é espancado até a morte dentro de um hotel

Por Daniela Pereira

Um grupo formado por cinco homens e duas prostitutas espancou até a morte, Sandro de Jesus, 27 anos, com socos, pontapés e golpes de garrafa. O homicídio ocorreu por volta das 11 horas do último domingo, no interior do Hotel Paraíso, na Ladeira da Praça, Centro Histórico. No local, Sandro, juntamente com os autores do crime, estava hospedado desde o dia 28, gastando com drogas e bebidas alcoólicas um dinheiro no valor de R$ 5 mil proveniente da venda da casa onde morava. O crime teria ocorrido após Sandro ter se recusado a entregar o resto do dinheiro da venda do imóvel e uma pistola 9 mm, que estava na mochila da vítima.
De acordo com Acássia de Oliveira Nunes, delegada plantonista da 1ª Delegacia, depois de mais de 24 horas consumindo drogas, os acusados cobraram de Sandro a partilha dos R$ 5 mil. Como a vítima não possuía mais a quantia, eles pediram como pagamento a pistola. Sandro se recusou a entregar a arma e foi espancado. Ao perceber que a vítima estava sem vida, o grupo fugiu do local. Após uma denúncia anônima no final da tarde, a polícia chegou ao hotel e prendeu em flagrante a prostituta Luciana Silva de Souza, 23 anos. A garota tinha retornado ao local a mando de um dos acusados conhecido como “Da roça” em busca do dinheiro restante e da pistola de Sandro. Luciana foi surpreendida pela polícia e apontou o local onde se encontravam os demais envolvidos.
Além de Luciana, também foram presos José Augusto da Conceição, 45 anos, Maurício Silva Andrade, 35, e Patrícia dos Santos Bispo, 26 anos, também garota de programa. Continuam foragidos três elementos identificados como “Da roça”, Leandro e Vivaldo. A delegada afirma que Sandro e todos os envolvidos possuem passagem em delegacias por furtos e porte de drogas. Os acusados negam qualquer participação no crime. A polícia investiga o paradeiro dos três foragidos.

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