sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Polícia prende quatro traficantes

Daniela Pereira

Quatro jovens acusados de tráfico e assaltos na região da Estrada da Base Naval foram presos em flagrante na noite de quarta-feira por policiais do Serviço de Investigação (SI) da 5ª Delegacia. Sailon Pinho Bonfim, Inácio Joel dos Santos Júnior, mais conhecido como Trem, ambos com 19 anos, Fábio Silva de Jesus de 18, o Bicudo, e Gilberto dos Santos de 28 anos, conhecido como Jiboia estavam sendo procurados há cerca de dois meses. Com a quadrilha, a polícia encontrou 200 gramas de cocaína e 19 papelotes de maconha.
Segundo informações da polícia, a prisão foi executada após investigações e denúncias que comprovaram a ação dos acusados no começo da Estrada da Base Naval. Em bando, eles cercavam os transeuntes e tomavam todos os pertences. O mesmo ocorria com os veículos tomados de assalto. Moradores do Subúrbio Ferroviário, os integrantes do grupo ainda são acusados de tráfico nas redondezas da Estrada do Derba.
Sob a alegação de serem trabalhadores, os jovens negam qualquer tipo de envolvimento e afirmam que são inocentes nas acusações. “Nunca matei ninguém e nunca peguei uma arma na minha vida”, declarou Inácio, afirmando que trabalha como ajudante de pedreiro. Segundo Gilberto, pai de duas crianças menores de idade, quando foi preso, juntamente com os demais, estava consertando a bicicleta do sobrinho. “Essas drogas não são minhas. Se fosse eu assumiria, não tenho nada a ver com isso”, defende-se.
De acordo com o delegado Deraldo Damasceno, titular da 5ª Delegacia, os jovens costumam agir armados e estão envolvidos com homicídios de integrantes de quadrilhas rivais. “Apesar de serem jovens, eles são considerados de alta periculosidade. A maioria já possui entrada por tráfico e assalto a mão armada em outras delegacias, inclusive estamos investigando a participação de Gilberto no assassinato de um empresário na área da 8ª Delegacia”, afirmou o delegado. Os acusados permanecem na carceragem da 5ª Delegacia à disposição da justiça.

Polícia revela laudo da médica assassinada

Daniela Pereira

Após várias especulações a respeito do assassinato da médica Rita de Cássia Tavares Giacon Martinez, 39 anos, ocorrido no último dia 6, dois dos principais laudos emitidos pelo Departamento de Polícia Técnica, foram divulgados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP). Foi descartada a consumação do estupro da vítima. O documento ainda aponta que o autor do crime teve intenção de matar a pediatra e consumou o assassinato com requintes de crueldade. O acusado, o presidiário, Gilvan Cléucio de Assis, 35 anos, permanece preso, no entanto, teria tentado violentar a vítima sexualmente. Como definem as conclusões finais do documento, antes de morrer, Rita de Cássia foi intensamente agredida com socos na região do rosto e pescoço. Os indícios apontam que houve tentativa de estrangular a vítima com o próprio colar que ela usava. “Ele agiu com perversidade e pelas conclusões finais, ele queria ter certeza de que ela estava morta. Além de enforcá-la com um colar feito de pedras e nylon, ele tentou consumar um estupro, mas como houve reação, passou o carro por cima dela com movimentos para frente e para trás”, relatou Joselito Bispo, delegado geral da Polícia Civil.
Gilvan alegou que a vítima foi atropelada porque se jogou na frente do veículo. No entanto, Bispo ressalta que não foi possível identificar quantas vezes o carro fez movimentos de ida e volta sobre o corpo da pediatra, mas que, o fato ocorreu por uma fúria do acusado, posto que Rita de Cássia teria resistido à consumação do ato sexual. “Para um maníaco, psicopata é uma ofensa a recusa por parte da vítima, da consumação do estupro. Acreditamos que essa foi a motivação dele ter passado várias vezes por cima do corpo”, afirmou o delegado. O acusado confessou todo o crime, mas nega a possibilidade de estupro. “Apesar de ter sido encontrada com o vestido levantado à altura do peito e uma das peças íntimas abaixada, não houve a consumação do estupro, só a tentativa”, completou Andréa Barbosa Ribeiro baseada na conclusão do laudo do DPT. Segundo ela, o acusado agiu sem uso de armas, aproveitando-se da fragilidade da vítima.
O laudo aponta ainda que, a morte, como já havia sido divulgada, foi motivada por traumatismo craniano e afundamento do tórax, ambos provocados pelo atropelamento. Apesar da análise do DNA de Gilvan com base no material coletado ainda não ter sido concluída, os objetos pessoais da médica não terem sido encontrados, e o seguimento das investigações a respeito das últimas ligações feitas e recebidas pela vítima no dia do crime continuar, Joselito Bispo afirmou que o próximo passo da polícia é a conclusão do inquérito. “Esse exame de DNA é apenas um exame complementar e não altera a materialidade do crime e da autoria”, afirmou Bispo.

sábado, 22 de agosto de 2009

Policial se mata dentro de delegacia

Daniela Pereira

Policiais civis ficaram surpresos e chocados com a morte do colega Augusto César Mota Urpia, 46 anos, ocorrida por volta das 10 horas de ontem. O policial, que atualmente trabalhava no Serviço de Investigação (SI) da 6ª Delegacia, trancou-se no banheiro da unidade e, com a própria arma, disparou um tiro na cabeça. Segundo colegas, Augusto respondia a um inquérito na Corregedoria da Polícia Civil, estaria sendo perseguido por uma quadrilha pertencente ao grupo de Aladim, enfrentava problemas de saúde e financeiros.
Com quatro anos de serviço, Augusto chegou à 6ª Delegacia, há cerca de três meses, após chefiar o SI da Delegacia de Homicídios (DH). No comando das investigações, o civil fez várias apreensões e desarticulou quadrilhas importantes como a do chefe do tráfico do Subúrbio Ferroviário, Renildo dos Santos Nascimento, mais conhecido como Aladim. Estudante de Direito, o policial possuía muitas dívidas em mensalidade na faculdade e apresentava problemas cardíacos.
Segundo relatos de colegas de trabalho, Augusto estava afastado temporariamente das funções, por problemas de saúde. “Ele começaria a trabalhar amanhã (hoje), mas a delegada achou melhor que descansasse mais um pouco. Ele veio aqui, trouxe o atestado para a delegada e foi para o banheiro, lá se trancou e fez essa besteira”, relatou inconformada, uma colega de trabalho.
Abalados com o episódio, os agentes presentes no local, não souberam informar sobre a motivação do ato de Augusto. “Ninguém aqui está entendendo nada. Uma pessoa tão jovem, morrer assim. Não estamos preparados para enfrentar uma situação dessas”, lamentaram.
De acordo com Bernadino Gayoso, secretário geral do Sindicato da Polícia Civil, tudo isso aconteceu por falta de assistência social ao policial. “Ele andava se queixando que estava sofrendo perseguições e estava preocupado com o processo que respondia, pois poderia ir a júri popular. Infelizmente nossa categoria não conta com um apoio psicológico para os profissionais”, afirmou.

Policial que morreu em perseguição é enterrado

Daniela Pereira

Familiares e amigos compareceram às 16 horas de ontem no cemitério do Campo Santo, para prestar as últimas homenagens ao policial militar, Américo Manuel Jesus, 44 anos, que morreu após colidir com a moto em um Fiesta, de placa JPM 2110, durante uma perseguição a bandidos, na Avenida Adhemar de Barros, em Ondina. Américo, que era instrutor do Esquadrão Águia, teve que amputar uma perna e sofreu complicações com a cirurgia. O outro policial, que estava com ele, Geraldo Costa de Jesus Júnior, 29 anos, teve escoriações leves e já recebeu alta.
Com vinte anos de profissão, Américo sustentava a esposa e três filhos, um de 18 anos e dois menores, de 16 e 13 anos. “Em tantos anos de serviço, meu marido nunca se envolveu em confusão ou em nenhum acidente de trabalho. Estava em casa quando minha sobrinha, que trabalha no Hospital Geral do Estado ligou e avisou o que aconteceu. Quase morri”, contou emocionada a viúva, Iraíldes de Oliveira Jesus. “Ele era uma pessoa tranquila e trabalhadora, perdemos em serviço um grande profissional. Estamos aqui para dar toda solidariedade, apoio psicológico e social à família dele”, afirmou o major Anildo Rocha Batista.
Pertencente a uma família de seis irmãos, o sepultamento de Américo foi marcado por dor e comoção. “Nunca pensei que um dia iria enterrar um irmão. Sempre achei que ele me enterraria. É uma dor muito grande”, afirma a irmã da vítima, Adélia Maria de Jesus, 49 anos. Segundo ela, o policial era o segundo mais novo entre os irmãos e era uma pessoa bondosa. “Ajudei minha mãe a criar meus irmãos e ele sempre foi muito querido entre nós”, relembrou.

Empresária é encontrada morta em Eunápolis

Daniela Pereira

Trajando apenas roupas de dormir, descalça e sem uma das peças íntimas, a dona de uma pousada em área nobre de Porto Seguro, Valéria Macedo Seixas, 46 anos, foi misteriosamente assassinada, com um tiro no peito, por volta das 0h15 de ontem, no km 723, da BR-101, nas proximidades da Ponte Rio do Peixe, em Eunápolis. O corpo da empresária foi encontrado caído ao lado do carro, Ford/Eco Sport, prata, placa JOY-9719, que ela possivelmente dirigia. O veículo estava capotado, com o motor ainda funcionando e o som ligado no volume máximo.
A empresária, proprietária do Hotel Pousada Aldeia das Flores, localizado na orla norte de Porto Seguro, conduzia o veículo em alta velocidade em direção à cidade de Itabela. Os agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) suspeitam que, ao descer uma ladeira, ela perdeu o controle do carro, rodou na pista, subiu no meio fio e capotou várias vezes, o que supostamente, permitiu a aproximação do assassino e a efetuação, à curta distância, de disparos contra a vítima. Uma equipe do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) esteve no local, mas Valéria já estava morta.
De acordo com o delegado Milton Oliveira, a principal suspeita é que a vítima foi perseguida por outro automóvel, supostamente conduzido por um assaltante, e após tombar na rodovia, ela teria sido executada. “Uma testemunha nos informou que viu outro carro próximo ao da vítima. Acreditamos que ela foi perseguida por um assaltante e ao capotar o veículo foi assassinada. O motivo do crime ainda está sendo investigado”, afirmou o delegado.
Valéria convivia há mais de dez anos com o empresário Lusencourt Borges Júnior, e morava no bairro de Taperapuã na orla da cidade. Lusencourt ainda não foi localizado pela polícia para prestar depoimento. Segundo o delegado, no dia 14 de abril deste ano, quatro homens armados invadiram a casa do casal, dominaram Valéria e uma empregada a procura do marido dela. Júnior conseguiu fugir e buscou ajuda com a Polícia Militar do local. Ninguém foi preso, todos os elementos da quadrilha conseguiram fugir. O casal não tinha filhos.
A polícia ainda não descarta a possibilidade de que o assassino esteve com a vítima no interior do veículo e conseguiu fugir após o crime. A polícia técnica e polícia civil, através do levantamento cadavérico, identificaram, além do tiro no peito, que Valéria também teria uma perfuração ocasiodo por tiro nas costas.
O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal (IML), onde uma perícia vai apurar as causas da morte e se houve, inclusive, abuso sexual. Na casa da vítima, a polícia encontrou uma mensagem de despedida, escrita no espelho de batom.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Deficiente físico é assassinado no Calabetão


Daniela Pereira
Fotógrafo: Vaner Casaes

A execução de um deficiente físico gerou revolta e protesto de moradores da Rua Direita do Calabetão, no final da manhã de ontem, José Nilton Cerqueira Souza, 36 anos, foi assassinado por um elemento de identidade ignorada com quatro tiros, sendo três na região da cabeça. A vítima apresentava problemas no joelho esquerdo e caminhava com ajuda de muletas. Uma viatura da 10ª delegacia passava próximo ao local, na hora do crime, e perseguiu o assassino, mas ele conseguiu fugir.
De acordo com testemunhas, os autores do crime chegaram em um Fiat branco e estacionaram em uma transversal, cerca de 100 metros do local do crime. “O carro parou, o motorista ficou dentro do veículo e o carona desceu. De repente, só ouvi os disparos, quando olhei, o homem veio andando tranquilamente com a arma na mão e entrou no veículo”, contou um comerciante do bairro. Segundo ele, José era uma pessoa correta e foi executado por engano. “Eles atiraram primeiro pelas costas, tenho certeza que mataram a pessoa errada”, completou.
Desesperados, familiares protestaram ao lado do corpo do deficiente. “Ele era uma pessoa honesta e trabalhadora, não deveria ter morrido dessa forma. Enquanto os bandidos estão vivos, os pais e famílias estão morrendo”, protestou um irmão da vítima. Segundo relatos de moradores, José, mais conhecido no bairro como “Zé”, era exemplo de honestidade. “Ele foi nascido e criado aqui, todos o conhecia, era muito tranquilo e não tinha problemas com ninguém. Gostava de jogar dominó todos os dias nesse mesmo local. Só saía de casa para ir ao médico, na semana que vem ele ia fazer uma nova cirurgia no joelho. Não tem motivos para alguém querer matá-lo”, relatou uma moradora.
Segundo os peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT), as perfurações no corpo revelam que a vítima foi atingida pelas costas. “Todas a perfurações estão de um lado só do corpo, o que comprova que a vítima foi atingida de costas”, garantiu o perito. José deixou mulher e duas filhas, uma delas é menor de idade.

Homem é amarrado e executado em Valéria

Daniela Pereira

Um homem de identidade ignorada, aparentando 30 anos, foi encontrado morto com as mãos amarradas para trás e nove perfurações de tiros no corpo. A vítima foi encontrada por populares, por volta das 07h15 de ontem, atrás de um posto de gasolina, próximo ao viaduto de Valéria. Os policiais da 8ª delegacia investigam o crime.
Apontado pelos policiais como um ponto de desova, a estrada de barro onde a vítima foi encontrada é rodeada por um matagal, não apresenta iluminação e nem movimentação de populares, o que propicia crimes de execução ao abandono de cadáveres. Os frentistas do posto Shell afirmaram que quando chegaram para trabalhar o corpo já estava no local. “Quando cheguei já encontrei o rapaz morto. Ultimamente, tem aparecido muito crime nessa região, trabalhar por aqui, em um horário noturno, está complicado”, afirmou o trabalhador, que preferiu o anonimato.
De acordo com policiais da 8ª delegacia, Aratu, é possível que o crime tenha sido motivado por dívidas de drogas. “Devido ao fato dele estar amarrado e apresentar a maioria das perfurações na cabeça, trabalhamos com o crime de execução, motivado a princípio por cobranças de dívidas de drogas”, garantiu um agente da unidade policial.

Traficante de Itaparica é assassinado

Daniela Pereira

Apontado como autor de vários homicídios na região da Ilha de Itaparica, um dos traficantes mais procurados pela polícia, Pedro Mário, foi executado com seis tiros na madrugada de ontem. O crime ocorreu na Rua da Rodagem, no bairro de Marcelino, área de maior concentração no comércio de drogas, em Bom Despacho, Itaparica.
A vítima era considerada por policiais um dos líderes do tráfico de drogas em toda a região e já possuía um mandado de prisão preventiva solicitado pelo delegado Magalhães. O corpo foi encontrado com várias perfurações deflagradas por armas de fogo.
De acordo com um policial da delegacia local, a vítima possuiria envolvimento com a morte do policial civil, Mário Sérgio Moreira, 37 anos, executado durante um culto evangélico. “Já procurávamos por ele há algum tempo. Não sabemos que tipo de ligação ele teve com a morte do civil, mas ele era conhecido na região pelo tráfico e por matar policiais, tanto aqui na Ilha como em Salvador”, afirmou o agente.
Uma das ilhas mais procuradas por turistas para passeios, Itaparica vem se transformando em palco de violência e refúgio para foragidos de Salvador. “Se eu tivesse condições, ia embora deste lugar. Aqui está virando refúgio de assassinos e traficantes, não sei onde vamos parar desse jeito. Se não cumprimos as ordens dos bandidos nós morremos”, denunciou um morador que preferiu não se identificar.
“Ele era muito temido por todos aqui, até as crianças tinham medo. Ele só andava de grupo e ameaçava todos que o enfrentava”, relatou um morador de Itaparica, que preferiu não se identificar. Segundo ele, até a polícia teme fazer ronda e abordagens em certos lugares, principalmente no local onde Pedro foi assassinado. “A partir das 20 horas nem a polícia entra aqui. Desse jeito estamos à mercê da violência e da bandidagem. Somos governados pelos traficantes da Ilha”, relatou o aposentado.
A polícia ainda não tem pistas da autoria do assassinato de Pedro Magro, mas desconfia que a motivação foi cobrança de dívidas de drogas ou disputa por lideranças de bocas de fumo. “Ele era um traficante poderoso daqui da região. É possível que a morte dele tenha sido provocada por outro traficante menor”, relatou um policial.

Polícia estoura cassino na Graça


Daniela Pereira
Fotógrafo: Vaner Casaes

Após denúncias, os agentes do Serviço de Investigação (SI) da 14ª delegacia fecharam, no início da manhã de ontem, uma casa de jogos, localizada na Rua Manuel Barreto, no bairro da Graça. Disfarçada de clínica de massagem e acupuntura, o Game Club funcionava 24 horas, com mais de 40 máquinas caça níqueis, mesas de jogos e empregava 16 funcionários. Sete pessoas foram encaminhadas à delegacia e prestaram depoimento, entre elas, a sócia e gerente do cassino, Iracema Oliveira, 37 anos. Além das máquinas, a polícia apreendeu baralhos, livros com registros da contabilidade contendo o valor e os nomes dos devedores.
Com inscrições de mais de 1000 clientes fixos, o Game Club recebia cerca de 30 pessoas por dia e rendia um lucro diário de R$ 15 mil. Localizado em uma rua residencial, o casarão comportava dois andares e uma luxuosa estrutura para os frequentadores. Cartelas de bingo, cartões de apostadores e fichas de controle para clientes, estavam espalhadas pelo chão das salas de jogos. No andar de cima, onde funcionavam os jogos de pôquer, carteiras de cigarros e bebidas diversas foram encontradas.
Segundo os agentes da 14ª Delegacia, a polícia investigava o bingo secretamente, há mais de um mês, depois de receber denúncia do parente de um frequentador, que tinha acumulado uma grande dívida por causa do jogo. A polícia ainda contou que Iracema trabalha no ramo de jogos há mais de 10 anos e aponta Adalberto Araújo, que reside no exterior do país, como sócio e dono das máquinas.
De acordo com Iracema, do rendimento adquirido na casa, 50% é para o pagamento do aluguel e o restante era dividido entre ela e o sócio, identificado como Adalberto. “A casa funcionava há dois anos e meio, mas eu não obrigava ninguém a ir jogar. Não é um cassino e sim um local de jogos, as pessoas iam para se divertir e passar o tempo”, defende-se a acusada. Iracema ainda solicita das autoridades a legalização dos jogos. “Não entendo porque tudo isso, não trabalho com lavagem de dinheiro e não sou rica. Agora 16 pessoas estão desempregadas e meus clientes não terão mais diversão”, afirma.
A delegada Patrícia Nuno, titular da 14º CP, disse que, a principio, trabalha com a acusação de contravenção, menos severa, mas que através dos cadernos de registros podem identificar outros crimes, como lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. “Ainda estamos investigando a procedência dos documentos é possível existência de novos pontos de jogos ilegais”, declarou a delegada.
A prática ilegal do jogo é uma realidade que vem ganhando espaço em bairros nobres da cidade. No último dia 4, um cassino foi fechado pela Polícia Federal, que funcionava em uma residência, no Horto Florestal. Os agentes apreenderam, 71 máquinas e duas armas, uma escopeta e um revólver calibre 38. A apreensão ocorreu um dia depois de o Ministério Público Federal (MPF) denunciar, por formação de quadrilha, 20 pessoas ligadas aos jogos de azar na Bahia.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Acusado de torturar assistente social vai a júri popular

Daniela Pereira

O juiz Valdir Viana Ribeiro Júnior, da vara crime de Lauro de Freitas, decidiu no final da tarde de ontem, que o professor de educação física Adalberto França Filho, 39 anos, que no dia 26 de junho torturou e tentou assassinar sua companheira, Luciana Brasileiro Lopo, vai a júri popular por tentativa de homicídio. A assistente social Luciana Lopo, 31 anos, participou de uma audiência de instrução realizada no Fórum de Lauro de Freitas, na manhã de ontem e confirmou as agressões. A vítima chegou ao local acompanhada pelo pai, Roberto Lopo e pelo advogado, Antônio Marcos. Coordenada pelo juiz Waldir Viana Ribeiro Júnior, a audiência de instrução reúne o réu, a vítima e as testemunhas do caso, entre elas, o pai de Luciana, a avó, Teresinha Brasileiro, um amigo de Adalberto e a empregada do casal, que presenciou o crime.
Visivelmente abalada e nervosa, Luciana chegou ao fórum, por volta das 8h40, abraçada pelo pai e não deu declarações à imprensa. Para evitar um possível encontro com Adalberto, que chegou quinze minutos depois escoltado pela polícia, a Assistente Social foi levada pelos familiares e advogado para uma sala reservada. Em busca de um documento, Adalberto também entrou na sala, mas os familiares impediram o encontro.
De acordo com Roberto, a filha continua nervosa com a lembrança do fato e só dorme com ajuda de remédios. “Fisicamente ela está se recuperando, mas as marcas psicológicas ainda são profundas. Só em falar no nome dele, ela se desespera e chora muito”, relatou o industriário. Roberto ainda completou que, tem esperanças que a justiça seja severa e aplique uma pena longa ao acusado. “Se ele fez essa monstruosidade com minha filha, pode fazer com qualquer pessoa. Espero que ele seja punido como merece”, afirmou.
Os advogados de Adalberto defendem a tese de que o acusado apresentou um surto psicótico e sofre de problemas psicológicos. Apesar de condenarem a tortura feita pelo filho, os pais de Adalberto, compareceram ao fórum para defender o filho. O acusado, por sua vez, em audiência, negou acusações de tortura e disse que os ferimentos apresentados pela vítima foram fruto de acidentes. O advogado do réu, por sua vez, alegou aminésia.
A mãe da assistente social, Maria das Graças Lopo, contou que, assim como Luciana, a família teme a liberdade de Adalberto. “Depois de tanto tempo, só agora minha filha está tentando retomar a vida e sair às ruas. Estamos pensando em mudar de endereço, pois ela garantiu, na frente da polícia, que quando sair da prisão vai procurá-la. Estamos assustados com o que pode acontecer. Por pouco ele não matou minha filha”, relembrou. Adalberto foi preso em Simões Filho três dias após torturar Luciana, com quem convivia há três meses, dentro da própria residência do casal, em um condomínio de Vilas do Atlântico. Luciana foi queimada com leite e café ferventes na região do rosto, pescoço, costas, barriga e pernas. Atingida com dois tiros, a vítima foi torturada com equipamentos de artes marciais. Em depoimento, Adalberto confessou o crime e justificou-se alegando que estava sendo traído.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Criança fica na mira de assassinos

Daniela Pereira
Fotógrafo: Vaner Casaes

Os momentos vividos na manhã de ontem pela criança de nove anos, que foi personagem de uma tragédia a caminho da escola, foram relatados por moradores da Rua São Francisco na Estrada das Barreiras, bairro do Cabula. Por volta das 8 horas, Moacir de Jesus Freitas, 39 anos, levava o filho para mais um dia de aulas quando foi abordado por oito homens armados. O grupo começou a atirar e o pai, temendo a morte do garoto, pediu que ele corresse. Os autores do crime ainda perseguiram a criança, que conseguiu se esconder na casa de uma professora. Moacir morreu no local, antes que pudesse ser socorrido.
Segundo moradores da área, Moacir era separado da esposa e morava sozinho com o filho. Todos os dias, a vítima fazia o mesmo trajeto para levar o garoto à escola, localizada na rua principal do bairro. Ao perceber a aproximação dos oito elementos armados, Moacir ordenou que o filho corresse para escapar da morte. Ele gritou: “corre filho”. “O menino fugiu descendo a ladeira”, relatou uma testemunha, que preferiu não se identificar. Com armas em punho, após efetuarem mais de 20 disparos contra Moacir, os autores ainda perseguiram a criança. Mas o garoto, em pânico, conseguiu se esconder.
Abalados com o crime, os familiares da vítima estiveram no local, mas não quiseram falar com a imprensa sobre o ocorrido. O garoto permanecia escondido em casa de parentes e até o final da manhã de ontem, não tinha conhecimento da morte do pai, sabia apenas, que ele estava ferido e tinha sido levado ao hospital.
De acordo com militares e policiais do Serviço de Investigação (SI) da 11ª delegacia, para não morrer, o garoto pediu socorro em uma casa, a poucos metros do local crime. “Assustado, ele chegou à casa de uma professora e pediu ajuda dizendo que deram um tiro no pai dele e queriam dar um nele também”, relatou um policial, que aguardava os peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) para a remoção do corpo.
A delegada plantonista da 11ª, Alda Maria de Oliveira, informou que a vítima não possuía passagens em delegacias e que familiares de Moacir e testemunhas do crime foram ouvidas para maiores esclarecimentos. ”Ainda estamos colhendo depoimentos e é prematuro divulgar qualquer informação neste momento”, afirmou a delegada. O crime está sendo apurado pela unidade policial e a polícia direciona as investigações para um crime motivado por vingança.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Greve da PM? II

Daniela Pereira

De acordo com o tenente coronel Marcone, comandante da 11ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), na Barra, durante o dia de ontem, policiais cumpriram suas funções normalmente. “Todos os policiais e viaturas estão nas ruas e assim permanecerão durante o horário de trabalho. Não mudou nada, a população pode conferir a presença dos militares nas ruas. Está tudo normal”, enfatizou o comandante. A Tribuna da Bahia circulou pelas ruas da cidade e identificou ausência de policiamento em alguns locais, postos de viaturas localizadas na Avenida ACM. Porém, em locais como o Farol da Barra, Orla da cidade, o policiamento era normal.
Em entrevista a uma emissora de televisão, o governador Jaques Wagner declarou, na manhã de ontem, que está aberto à negociação com os militares caso a paralisação não seja iniciada. “Ofereço o diálogo aberto, mas cobro o respeito à ordem militar e à hierarquia. Iniciado o movimento encerram-se as negociações”, afirmou o governador.
Os policiais exigem, além de melhores condições de trabalho, aumento de R$ 1,6 mil para R$ 4 mil de salário base para um soldado, além de mudanças no pagamento das gratificações. Segundo informações do comandante-geral Coronel Nilton Mascarenhas, há um funcionamento normal do policiamento nas ruas de Salvador para garantir a segurança nas ruas da capital.

Ônibus bate em árvore e deixa oito feridos

Daniela Pereira

Um acidente de grande proporção causou pânico, congestionou o trânsito e deixou oito pessoas feridas. Por volta das 9 horas da manhã de ontem, um ônibus da empresa Capital, que fazia a linha Boca da Mata / Pituba, colidiu com uma árvore na Rua Jaracatiá, no Caminho das Árvores, ao lado da Igreja Batista. Com o impacto, dois passageiros foram projetados para fora do veículo através do parabrisa. As vítimas foram socorridas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e Corpo de Bombeiros ao Hospital Geral do Estado (HGE).
De acordo com informações da cobradora do ônibus, Cleide Pereira da Silva de 32 anos, o coletivo seguia normalmente quando uma moto, de dados ignorados, saiu de uma transversal e fechou o veículo. Para não colidir com o motoqueiro, o motorista desviou e bateu contra a árvore. “Trabalho há três anos nessa profissão, graças a Deus não sofri nada de grave, apenas escoriações leves”, afirmou a cobradora, enquanto deixava, ainda mancando, o hospital.
Dos 12 passageiros a bordo do ônibus, além de Cleide, outras sete pessoas ficaram feridas na colisão e deram entrada no Hospital Geral. O motorista, Eduardo Duarte Silva, 35 anos, Tereza Oliveira Pereira, 51, Jucilene Ferreira Nascimento Martins, 28 anos, Cristóvão Carlos Muniz dos Santos, 47, Rosângela da Silva Bispo, 46, e Genildo Santos Silva, 30 anos.
Segundo informações da Superintendência de Trânsito e Transporte do Salvador (Transalvador), o parabrisa frontal do ônibus caiu no momento do impacto e duas pessoas foram lançadas do veículo: Genildo Silva e uma mulher, ainda não identificada. Viaturas do Corpo de Bombeiros e da Transalvador foram enviadas para o local a fim de descongestionar o trânsito, que ficou lento na Alameda das Espatódeas, sentido Pituba.
Na porta do HGE, familiares aguardavam, com ansiedade, notícias sobre as vítimas. “Estava em casa quando o telefone tocou e um homem disse que meu marido tinha sofrido um grave acidente. Ele voou mais ou menos uns seis metros pelo párabrisa, caiu dentro de uma valeta e quase morreu afogado”, relatou Odiléia Alves Xavier, 26 anos, esposa de Genildo. Segundo ela, apesar do marido estar consciente, o estado dele é preocupante devido às fortes pancadas na cabeça. “Pelo pouco que pude falar com ele, Genildo se queixou de muitas dores na cabeça. Já fizeram o raio x e a tomografia.
Agora estou aguardando os resultados”, relatou a esposa. Morador de São Caetano, Genildo trabalha como pedreiro no bairro de Costa Azul e ontem, saiu mais cedo de casa para adiantar o serviço devido à falta de um colega de trabalho. Todas as oito vítimas apresentaram escoriações leves e estão fora de perigo.

domingo, 9 de agosto de 2009

Jovem é morto a caminho do trabalho

Daniela Pereira
Fotógrafo: Vaner Casaes


Um crime ocorrido por volta das 8 horas da manhã de ontem, assustou moradores da Rua Santa Bárbara, no Arraial do Retiro. Melbison Conceição da Silva, 18 anos, foi atingido com tiros na cabeça enquanto saía para o primeiro dia no novo emprego. Os policiais da 11ª Delegacia investigam o caso.
De acordo com o irmão da vítima, um menor de 14 anos, Melbison não possuía envolvimento com drogas. “Ele era uma pessoa muita calma e não tinha rivalidade com ninguém. Não sabemos por que fizeram isso com meu irmão. Ele saiu de casa dizendo que ia comprar alguma coisa e ia para o trabalho, mas aconteceu isso. Minha mãe está arrasada”, afirmou o garoto. A mãe de Melbison acompanhou os policiais civis até a delegacia para registrar ocorrência.
Assustados, os moradores não quiseram comentar sobre o assunto, mas informaram que a violência no local vem crescendo muito. “Os moradores do Arraial do Retiro não tem mais sossego, aqui não tem policiamento nenhum. Todos os dias vem acontecendo assassinatos nessa região”, disparou uma moradora, que preferiu o anonimato. Segundo ela, está preste a perder o emprego de doméstica devido a violência do local. “Temendo a violência, ultimamente, tenho evitado sair tarde do trabalho. Sempre saiu antes do horário e peço a meu marido para ir me buscar no ponto de ônibus”, relatou. Segundo informações do Serviço de Investigação (SI) da 11ª Delegacia, ainda não se sabe a motivação do crime.

Greve da PM?

Daniela Pereira e Tatiana Ribeiro

Cerca de 30 mil policiais militares do Estado da Bahia decidiram em assembleia, na sede do Clube dos Oficiais, localizado na Avenida Dendezeiros, na manhã de ontem, dar início à “Operação Polícia Legal”. Após a reunião, militares saíram em caminhada em direção à sede da Rondesp, no Terminal de São Joaquim, Calçada.
Com faixas e cartazes, cerca de 400 militares pediram que os comerciantes fechassem as portas, avisando que não haverá mais polícia nas ruas. Os policiais exigem o cumprimento de cinco solicitações: aumento de salário de R$ 1,6 mil para R$ 4 mil baseado no salário do policial da cidade de Brasília, melhores condições de trabalho, nível superior para concurso, reintegração dos sete oficiais demitidos por participarem da greve de 2001 e pagamento retroativo relativo à mesma greve (URV).
“Essa é a terceira assembleia que realizamos. O relatório contendo as reivindicações já foi enviado para a Secretária de Segurança Pública e até agora não obtivemos respostas. Nosso salário é uma vergonha. Ganhamos a metade de um policial militar lotado em Aracaju. Queremos direitos iguais”, comparou Marcos Maurício Prisco, presidente do Sindicato de Soldados e Praças da PM. Em entrevista concedida à imprensa local na manhã de ontem, o comandante geral da PM, Nilton Mascarenhas, já havia declarado que a greve não acontecerá.
De acordo com o soldado Alberto Falcão, em 25 anos de corporação, nunca viu a Polícia Militar em uma situação caótica. “Trabalhamos com vinte reais de combustível por dia, apenas 15% dos nossos coletes a prova de bala estão dentro do prazo de validade, estamos com munições e armamento defasado. A polícia deveria ser unificada. Não pode haver a rivalidade entre as polícias civil e militar”, concluiu.
O soldado A.B.Z, 47 anos, morador da Fazenda Grande do Retiro, reclama do salário e da dificuldade de moradia. Em 27 anos de profissão, ele já foi baleado duas vezes dentro da própria residência. “Escapei da morte por pouco e não tive recompensas por isso”, desabafou.

Boatos deixam população em pânico

No final da manhã de ontem, muita gente já temia o agravamento da situação, caso a polícia realmente saísse das ruas, confirmando boatos. Segundo o comerciante Cláudio Correia, 50 anos, a situação iria piorar. “Se com a polícia os bandidos agem sem medo. Imagine com a greve. Somente este ano, já fui vítima de assalto em meu estabelecimento por duas vezes. Durante o período da greve não vou abrir minha loja. Temo pela minha vida”, garantiu o comerciante.
Para o estudante Jonas de Jesus, 20 anos, ficará difícil frequentar a faculdade no período da noite. “Saio da aula muito tarde e não me arriscarei a pegar um ônibus e ser assaltado. Mas qualquer manifestação é válida para garantir o bem-estar do trabalhador. O policial se arrisca muito para o pouco que ganha”, defendeu o estudante.
Por volta das 18 horas de ontem, o trânsito parou na região do Iguatemi e Paralela. A corrida para casa fez com que muita gente demorasse até uma hora a mais para chegar ao destino, devido ao fluxo de veículos e antecipação do fechamento de estabelecimentos por toda a cidade.

Moradores temem nova paralisação

A última greve deflagrada em julho de 2001, causou pânico, insegurança e anarquia nas ruas da cidade. Em apenas um dia, seis agências bancárias, dezenas de lojas e 40 ônibus foram assaltados. O índice de homicídio triplicou de 3 para 10 registros em 24 horas. Durante o período, outras categorias também entraram em greve temendo a insegurança nas ruas. Os detentos da Penitenciária Lemos de Brito (PLB) permaneceram por cinco dias sem banho de sol, já que não havia policiamento. A situação só melhorou com a convocação do exército para fiscalizar os bairros da cidade. Moradora do bairro da Pituba, a cabeleireira Silvana Cardoso, contou que presenciou um arrastão em frente à Corregedoria da PM. “Só iria trabalhar porque morava perto. O salão era trancado. Homens de moto assaltavam pedestres em plena a luz do dia”, declarou. A dona de casa, Luciana dos Santos, 25 anos, passou por um sufoco na época da greve. “Meu filho, que tinha oito meses, ficou doente e não tinha condições levá-lo ao médico. Tive que medicá-lo em casa mesmo. Espero que dessa vez não seja assim também”, relatou.
O ano de 2001 ficou marcado na memória de muitos. Arrastões, saques, homens armados em plena luz do dia espalhados por vários pontos da cidade, distribuíram medo e terror na capital. Em relação aos prejuízos para a população de um movimento similar, Marcos Prisco, presidente do sindicato da categoria, descartou algo nos moldes dos acontecimentos de 2001. “Sabemos que a população é a mais atingida, mas também precisamos reivindicar os direitos da categoria, que estão defasados. Não queremos deixar a sociedade em pânico como aconteceu na greve de 2001, mas estamos decididos a parar até que nossa situação seja resolvida.”, concluiu.

Homem é assassinado na frente de crinaças

Daniela Pereira

Mais um jovem da periferia é executado em Salvador. Rafael Santos Souza, 21 anos, foi assassinado com tiros na cabeça, por volta das 8 horas da manhã de ontem, na Avenida Beira Rio, bairro de Nova Constituinte, subúrbio ferroviário da cidade. Segundo a polícia, a vítima possuía envolvimento com o tráfico de drogas do local e foi executada por dois homens fortemente armados. A 5ª Delegacia, em Periperi, investiga o caso.
Trajando apenas uma bermuda amarela, a morte do jovem chamou a atenção de curiosos, que se aglomeraram no local, e foi testemunhada por vários moradores e crianças que brincavam na localidade na hora do crime. “Eu estava brincando com minha boneca e vi quando um homem atirou no outro.
Ele caiu no chão, eu peguei meus brinquedos e corri”, relatou ainda assustada, uma criança de apenas sete anos de idade.
De acordo com moradores da região, os autores do crime chegaram atirando contra o jovem. “Eles vieram e deram o primeiro tiro. O rapaz caiu e eles continuaram disparando depois fugiram sem pressa. Fiquei com medo que eles tivessem me visto e me tranquei em casa”, relatou uma testemunha, que, temendo represálias, preferiu não se identificar. Segundo ela, Rafael não era morador do bairro. “Ele andava sempre por aqui conversando com os traficantes da área”, afirmou. Segundo o delegado Deraldo Damasceno, titular da 5ª Delegacia, Rafael não possuia passagens em delegacias, mas apresentava envolvimento com drogas. “Devido ao intenso tráfico de drogas nessa região é possível que o crime tenha sido motivado por acerto de contas relacionadas a dívidas de drogas. A polícia continuará a investigação sobre as circunstâncias do crime, assim como a autoria”, garantiu o delegado.

Local de crime é tomado pelo fogo

Daniela Pereira
Fotógrafo: Vaner Casaes


Com o objetivo de amedrontar a comunidade, na manhã de ontem, supostos traficantes da Rua Sucupira, no bairro de Santa Cruz, atearam fogo na residência onde três homens foram mortos em confronto com policiais na noite da última quarta-feira. Segundo relatos de testemunhas, cerca de seis homens chegaram atirando nos cadeados da casa e como não conseguiram entrar, incendiaram o imóvel. Para controlar o fogo, duas equipes do Corpo de Bombeiros e Policias da 40ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) foram deslocadas para o local. Não houve vítimas.
Totalmente destruída, a residência era propriedade de uma senhora identificada como Iolanda Carvalho. Os dois cômodos da casa, assim como os móveis, foram tomados pelo fogo. No momento da invasão, havia duas pessoas dentro de casa, que conseguiram fugir para residências de parentes, no 2º andar. Com a ajuda de uma escada e da vizinhança, o Corpo de Bombeiros retirou os donos da casa sem nenhum ferimento. Assustados, os moradores não deram informações aos policiais e nem à imprensa, apenas afirmaram que seis homens atiraram nos cadeados e colocaram fogo na casa.
De acordo com major Gildemar de Almeida Gualberto, comandante da 40ª CIPM, há suspeitas de que traficantes da comunidade estariam envolvidos no caso, em resposta à morte dos três elementos no local. “Suspeitamos que eles acham que dona Iolanda denunciou que os elementos estivessem escondidos aqui, por isso, fizeram isso na residência dela, como uma forma de amedrontar a comunidade. Mas ainda é muito cedo para afirmar qualquer situação”, declarou o major. Moradores da região, lançando mão do anonimato, ainda disseram que temem que a invasão tenha sido promovida por policiais, em busca de novos suspeitos ou até, na intenção de “mostrar força”, após denúncias de truculência da ação.
Segundo a versão da polícia, pouco antes dos três elementos serem baleados dentro da casa, policiais receberam uma denúncia de que traficantes estariam ameaçando e invadindo casas de moradores. Uma viatura teria sido recebida por seis homens que dispararam contra a guarnição, atingindo na perna o tenente Bruno Pimentel Garrec. Viaturas das Rondas Especiais (Rondesp), militares da Rotamo e um helicóptero da PM se deslocaram ao local e perseguiram os acusados que invadiram a residência da moradora Iolanda Carvalho, a que foi destruída pelo fogo. Avisados pelo helicóptero, os militares localizaram e cercaram a residência. Os elementos teriam disparado contra os policiais, desencadeando uma troca de tiros. Na ação, Wendel dos Santos Santana de 17 anos, Lucas Nascimento de Santana de 16 e um terceiro ainda não identificado, foram baleados e levados por militares ao hospital, mas chegaram sem vida.
Ainda assustada com toda a situação, a proprietária do imóvel, mudou-se para casa de parentes. Moradores permanecem trancados em casa, temendo represálias ou uma nova ação policial. A polícia aguarda as apurações da perícia para identificar os autores e circunstâncias do crime.

Páginas