sábado, 27 de junho de 2009

Bairros cercados pelo tráfico de drogas

Por Daniela Pereira

As drogas proporcionam aumento relativo em outros tipos de crimes, como assaltos, arrombamentos e prostituição. Na maioria dos casos de homicídios, a autoria é um mistério e a polícia aponta o tráfico como possível causa. Em Salvador, muitas mortes estão relacionadas às drogas, que vêm destruindo famílias e tirando o sossego de muitos, principalmente de moradores de bairros, como Nordeste de Amaralina, Cosme de Farias, São Caetano e Engenho Velho da Federação, onde o ciclo vicioso é mais intenso. Retrato do cenário de violência, tráfico e insegurança, o Engenho Velho da Federação, reconhecido como comunidade de resistência negra, cuja população chega a 65 mil habitantes, tenta resistir à violência. A população é quem mais sofre com balas perdidas e ameaças dos traficantes que disputam os pontos de drogas. O Engenho Velho da Federação possui nos seus arredores comunidades, como Baixa da Égua, Forno, Lajinha e Vale da Muriçoca, que vivem em uma verdadeira guerra civil não declarada. De acordo com o investigador Paulo Portela, chefe do Serviço de Investigação (SI) da 7ª Delegacia do Rio Vermelho, essa "onda" de drogas que a cidade presencia começou após a desarticulação da quadrilha do maior traficante do Estado, Raimundo Alves de Souza, conhecido como Ravengar. "Depois de Ravengar a droga se espalhou e se dividiu criando dois "partidos", o do traficante Perna e o de Piti", afirma Portela. Para o investigador, o usuário começa a se tornar um viciado quase sempre pela maconha. Depois de certo tempo, quando a dependência fica sem controle, ele passa para a cocaína até chegar ao crack, considerada uma das drogas mais avassaladoras. Na região do Vale da Muriçoca, onde o tráfico é comandado por um jovem de prenome Dejavan, mais conhecido como "Kiko", a pedra de crack pode ser adquirida por cerca de R$ 5,00. Segundo dados fornecidos pelo Centro de Documentação e Estatística Policial (Cedep), o bairro da Federação apresentou de janeiro a dezembro de 2008 e nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, um avanço de 3% nos homicídios relacionados com as drogas. Uma dona de casa de 36 anos, moradora da região que liga o Engenho Velho ao Vale da Muriçoca, teve sua casa invadida por um fugitivo da polícia após uma troca de tiros no Vale da Muriçoca. "Minha primeira reação foi entrar no quarto e pular a janela com minhas filhas", afirmou. O ajudante de produção de 37 anos, morador do Nordeste de Amaralina, expressa com revolta a indignação pelas drogas. "Estamos vivendo uma situação de desespero, aqui não podemos mais sentar na porta de casa para tomar uma fresca nem deixar nossos filhos brincar e andar de bicicleta, pois nunca sabemos o que pode acontecer?", indaga o morador. O drama maior do trabalhador não está só no fato da constante violência do local e sim, dentro de casa, pois ele está sentindo "perder" o caçula de 17 anos para as drogas. "De alguns meses para cá já sumiu dinheiro e até um celular aqui em casa, pra mim é difícil acreditar que tenha sido ele", afirma. É notório que o tráfico de drogas, declaradamente ilegal, cresceu de maneira rápida e desgovernada a partir dos anos 80, tornando o narcotráfico superado apenas pelo tráfico de armamentos. Organizada como uma empresa, o tráfico chama a atenção devido aos lucros financeiros e rigorosidade.

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